segunda-feira, 26 de julho de 2010

A maneira mais suave de morrer.

- Você não pode ficar, eternamente, esperando ele chegar.
- Eu sei disso.
- Então...
- Então nada. Não é questão de eu querer, simplesmente não consigo. Eu não consigo nem pensar em mim mais, é tudo ele.
- Eu entendo você, mas... Você tem que tentar.
Entende, é claro, pensei amargamente. Respirei fundo, para controlar minha vontade de gritar. Não, você não entende merda nenhuma. Você nunca vai entender. Não é questão de tentar, se fosse só isso seria fácil.
- Tá. – respondi, fria.
- Você não está me levando a sério. – mais cinco minutos disso e eu explodiria. – Você não está nem me ouvindo.
- Você não entende. – sussurrei.
- Mas é claro que entendo!
Aquilo era o máximo que eu podia aguentar. Eu estava cansada de todo mundo me dizendo o que eu devia fazer, como se realmente pudessem me entender.
- Não, você não entende! – gritei. – Você não sabe como é gostar de alguém a ponto de não conseguir controlar atitude nenhuma sua! A ponto de não se importar com mais nada. E mesmo sabendo que age como idiota, ter forças apenas para insistir nisso!
- Você não sabe do que está falando.
- Ah eu sei! E sabe por que eu tenho tanta certeza de que você não me entende? – ela me olhou, estimulando-me para que eu continuasse. – Porque nem eu me entendo. E se você tivesse passado por algo parecido com isso, você saberia que não depende de mim!
- Você não sabe o que eu sinto para falar isso. – ela disse, já sem paciência.
- Não. Mas eu sei o que EU sinto. Eu sei exatamente como é.
Ficamos em silêncio, apenas nos olhando.
- Você não pode continuar com isso.
- Eu sei que não posso. E sei que vou continuar.
- Você tem que...
- NÃO ADIANTA! Eu não consigo nem tentar! Enfia na sua cabeça, eu não posso desistir disso. Eu estaria desistindo de mim, se desistisse dele.
- Isso não é saudável.
- Eu sei. Eu sei que provavelmente eu estou esperando por nada. Eu não sei o que vai acontecer, não sei de nada. Eu não sei o que sinto por ele, mas amor parece pouco.
- Você está louca.
- Pode ser. Talvez esteja mesmo. Ele é parte de mim, só isso.
Ela me olhou, dando de ombros.
- Não adianta eu falar.
- Não, não mesmo.
- Bom. – ela deu de ombros outra vez, virando-se de costas. – Me desculpe, não posso fazer nada.
Fiquei sentada na cama, encolhida, enquanto a via sair. Eu não suportava mais as pessoas falando que podiam me entender, quando não podiam. Eu não aguentava mais as pessoas falando o que eu devia fazer, quando eu não tinha escolhas. Eu não conseguia mais ouvir as pessoas falando que eu deveria conhecer outros caras. Eu sabia que não adiantaria. Que eu podia conhecer quantos homens quisesse, nenhum seria como ele. Não sei por que, não entendo, mas eu sei que vou ficar aqui, sempre, esperando ele chegar. Ele é parte de mim. Não entendo, realmente.
Respirei fundo, e me deitei outra vez. Era bom estar sozinha. Era bom poder sonhar acordada, sem ninguém para me recriminar. Era bom poder fingir que ele estava aqui, mesmo que eu soubesse, que talvez, ele nunca estaria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails