quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Pesadelos diários.

Abro os olhos assustada e vejo que estou presa a uma cadeira. A sala em que me encontro está lotada, mas eu não reconheço nenhum daqueles rostos. São todos estranhos, que não estão me vendo. Começo a ficar nervosa e grito, pedindo que me ajudem. Mas os estranhos continuam suas conversas, sem perceber meus gritos. Eles também não podem me ouvir. Eu preciso de uma única coisa para me libertar, mas ninguém está disposto a me ajudar. Ninguém sequer se dá conta da minha presença ali. Lágrimas de desespero escorrem pelo meu rosto, enquanto o tempo passa e eu continuo ali, com os braços presos à cadeira. O tempo passa, e minhas lágrimas aumentam quando me dou conta do que estou perdendo. Eu estou presa ali, sendo impedida de lutar pela coisa mais importante que eu tenho. Eu estou sendo impedida de lutar por mim. É a mim que eu estou perdendo, aos poucos, enquanto continuo presa. E a minha única salvação, está a quilômetros de distância, sem ter a menor ideia do que está acontecendo.
Sinto como se fosse uma queda, e abro os olhos, desesperada, para me dar conta de que estou em meu quarto, e aquele foi apenas o mesmo pesadelo de todas as noites se repetindo. Respiro fundo, me acalmando. Foi só um sonho ruim. Um sonho ruim que de certa forma é real, mas era apenas um sonho agora. Olho o relógio e me dou conta de que estou atrasada. Levanto, acendo a luz, e olho para a foto na parede com um suspiro. Tenho que começar a me arrumar, para a sala lotada onde ninguém ouve os meus gritos silenciosos de socorro.
No caminho começo a pensar, e então me dou conta do quanto as coisas mudaram. Escrever tornou-se uma coisa do passado. O tempo para ler acabou. O ânimo para sair se foi. E os amigos estão distantes, seguindo suas próprias vidas. Quando começo a relembrar das coisas, vejo o quanto preferia minha vida antes. Um ano atrás. A liberdade era menor, a pressão era maior e tempo era uma coisa que eu não tinha. Mas pelo menos eu sabia o que fazer. Pelo menos, eu sabia que se precisasse de apoio, era só olhar para o lado que encontraria braços estendidos, prontos para me acolher. E isso me dava forças para sair todos os dias da cama. Isso me dava motivos para sorrir. Porque eu sabia, que aonde quer que eu fosse com aquelas pessoas, me sentiria em casa. Sinto falta daquelas pessoas. Sinto falta de me sentir em casa.
Chego ao meu destino, e me sinto como um rato de laboratório, no meio de cientistas malucos, que me vêm como uma experiência que deu extraordinariamente errada. No meio de cientistas que não se dão conta do que realmente estou sentindo, e nem se importam. Os poucos que me enxergam me vêm como uma aberração, e só.
Olho para o lado, à procura dos braços estendidos. Mas agora, a única coisa que eu posso fazer é esperar que as coisas melhorem. Porque quando olho em volta, perdida, à procura de um rosto familiar, vejo apenas um mundo de estranhos. E pensar que tudo o que eu queria era me sentir em casa outra vez...

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Ps: Eu te amo.

Ela relaxou sobre o encosto da cadeira e contemplou pela janela o dia frio de janeiro, que fazia as árvores dançarem loucamente ao vento. Pensou no que havia aprendido, na pessoa que havia sido e na pessoa que se tornara. Era uma mulher que havia recebido conselho do homem que amava, que o havia seguido e tentado com todas as forças curar a si mesma. Agora, possuía um emprego que adorava e sentia-se confiante para buscar o que desejava.
Era uma mulher que cometia erros, que por vezes chorava nas manhãs de segunda-feira ou à noite sozinha na cama. Era uma mulher que freqüentemente ficava entediada com a própria vida e achava difícil levantar-se para o trabalho pela manhã. Era uma mulher que na maioria das vezes tinha dias ruins, que olhava no espelho e se perguntava por que não podia apenas se arrastar para a academia mais vezes, era uma mulher que de vez em quando detestava seu trabalho e se perguntava qual a razão para ter de viver neste planeta. Era uma mulher que simplesmente às vezes fazia tudo errado.
Por outro lado, era uma mulher com um milhão de lembranças felizes, que sabia o que era o verdadeiro amor e que estava pronta para experimentar mais vida, mais amor e construir novas lembranças. Se acontecesse em dez meses ou dez anos, Holly obedeceria a última mensagem de Gerry. O que quer que a esperasse dali para a frente, sabia que abriria seu coração e seguiria para onde a vida a conduzisse.
Nesse meio tempo, simplesmente viveria.

Ps: Eu te amo - Cecelia Ahern

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Strip-Tease

Descubro meus vícios assim
Cheguei na cabana e pensei
Sem têvê eu não fico
Sem você eu não vivo

Poesia Reunida - Martha Medeiros

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

If you ain't got love, what the hell we doing it for?

Talvez eu tenha mesmo me privado de sentimentos. Mas afinal, o que esperavam que eu fizesse? Eu me decepcionei inúmeras vezes, eu sofri por amor e tive vontade de acabar com tudo de uma ver por todas. Eu derramei litros de lágrimas e tive pena de mim mesma. O que queriam que eu fizesse? Talvez eu tenha tentado me proteger de sentir. Mas ninguém pode me culpar por isso. Foi apenas a única forma que eu encontrei de me proteger. É claro que eu sinto falta de abraçar amigos de verdade e sorrir com amores sinceros. Eu sinto falta de me apegar às pessoas. Só que o meu medo de sofrer é tão grande... Que eu não consigo mais. Talvez eu esteja evitando sentir, inconscientemente. Talvez seja meu instinto de preservação dando seu alerta.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Não consigo parar de te querer.

Não me faça promessas que você sabe que não irá cumprir. Não me deixe criar expectativas para depois destruí-las. Não me deixe fazer planos que não se realizarão nunca. Eu pedi a você que não me deixasse perder a confiança que tinha em ti. Eu pedi que não mentisse pra mim. A única coisa que eu lhe pedia todos os dias, era para que fosse sincero. Foi tão difícil assim? Não sei se ainda há como consertar tantos erros, um atrás do outro. Talvez se a gente tentar, mas eu não sei. Eu já estou perdendo a esperança, e isso me deixa tão triste. Achei que ela nunca acabaria. E o que me deixa pior, é saber que não adianta, eu não vou conseguir desistir. Eu não sou tão forte assim. Mas dói, muito, admitir que era isso o que eu queria fazer. Eu nunca achei que esse momento realmente fosse chegar. Ele chegou, não é? Mas relaxe, eu ainda sou aquela menina fraca que não sabe tomar decisões sérias. Eu ainda sou aquela menina que não tem forças para dizer adeus. Eu acho que nunca vou ser aquela mulher que irá te dar as costas e seguir sem você, mesmo que, agora, eu ache que é isso o que eu deveria fazer.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

2

O passado traz consigo um índice misterioso, que o impele à redenção. Pois não somos tocados por um sobro do ar que foi respirado antes? Não existem, nas vozes que escutamos, ecos de vozes que emudeceram? Não têm as mulheres que cortejamos irmãs que elas não chegaram a conhecer? Se assim é, existe um encontro secreto, marcado entre as gerações precedentes e a nossa. Alguém na terra está à nossa espera.

Teses sobre o conceito de história - Walter Benjamin

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

De pai para filho.

- Vovô, vovô! – meu filho pulou nos braços de meu pai, assim que o mandei pra dormir. – Me conta uma história? Por favor, vovô!
Meu pai o pegou no colo, rindo.
- Mas você sabe que eu só conheço uma, e você já ouviu várias vezes, moleque.
- Vovô, por favor, eu gosto dela. – Meu pai olhou para minha mãe, e o levou para o quarto. Vi minha mãe sorrindo apaixonada enquanto olhava os andando juntos.
Eu sabia em que ela estava pensando, era o mesmo que eu. Eu já havia visto aquela cena, por diversas vezes. Era eu ali, pulando nos braços de meu pai assim que minha mãe me mandava dormir.
- Papai, papai! Me conta uma história, por favor!
Era sempre a mesma história, mas eu podia ouvi-la quantas vezes fosse, ainda assim me fascinaria.
Minha mãe sentou-se ao meu lado, despertando-me das lembranças.
- Então o tempo passou, e eu estou ficando velha! – disse ela, em tom de brincadeira. – Não sei como vocês não enjoam.
- Você não enjoou até hoje, mamãe. – ela sorriu, e seus olhos brilharam. O mesmo brilho de sempre.
- É, talvez ela seja mesmo interessante.
Lembro-me de quando ainda acreditava que era apenas mais uma história. Exatamente como meu filho deve pensar hoje. Eu tinha seis anos de idade, e pedia todas as noites para meu pai me contar uma história.
Deitava-me na cama, e esperava impaciente que os dois viessem logo. Eles deitavam sempre um de cada lado meu, e então papai começava a falar. Ele sempre olhava para a mamãe enquanto falava, e os olhos dela salteavam entre nós dois.
Às vezes eu fechava os olhos antes, só para ver o que eles faziam. Papai continuava falando, sem perceber, até que mamãe soltava um riso abafado, e ele finalmente me olhava.
Quando viam meus olhos fechados, eles beijavam minhas bochechas ao mesmo tempo, e então davam um beijo rápido. Assim que eles levantavam da cama eu abria um pouco os olhos para vê-los saindo, abraçados, do quarto.
Mamãe sempre dava uma última olhada para mim, quando ia apagar a luz. Então papai puxava sua mão, e eu finalmente adormecia.
- Sabe mamãe, às vezes eu fingia dormir, só para ver o que vocês faziam.
- Eu sei. – disse ela, olhando para o nada. – Assim como sei que é provavelmente isso que seu filho está fazendo agora.
Eu sorri, e nós dois saímos da sala e fomos para o quarto do meu pequeno. Papai estava lá, falando sozinho, enquanto meu filho estava de olhos fechados. Fiquei parado à porta, enquanto mamãe ia até a cama.
- Sempre o mesmo. – ela sussurrou, sorrindo.
Papai olhou para ela, e então olhou para meu filho, balançando a cabeça.
- Acho que sim. – disse ele, contrariado.
Ela se abaixou, e eles fizeram como anos atrás, beijando as bochechas do meu filho.
Eu nunca havia visto a cena por aquele ângulo. Eles andavam apaixonados saindo do quarto, enquanto eu esperava à porta. Assim que chegou à porta ela se virou, apagando a luz. E então eles me surpreenderam com o típico beijo duplo.
Desde que descobri que a história que tanto me fascinava, era a de meus pais, sonhei em viver um amor assim. Em que mesmo depois de mais de 40 anos, a forma de olhar continua a mesma. O amor continua o mesmo.
Quem sabe eu tenha essa sorte e ainda nem saiba. Mas acho que a história de meus pais ainda é mais interessante, é ela que fascina meu filho.
Os dois se despediram e foram embora, enquanto eu ia para perto de minha esposa. Talvez eu tenha essa sorte, não sei se tão grande como os meus pais, eles provavelmente são uma raridade.

domingo, 5 de setembro de 2010

Contentamento descontente.

A vida nem sempre é justa. Li isso em algum lugar hoje, não me lembro onde. A mais pura verdade, a vida raramente é justa. Foi quando cheguei a essa conclusão que as memórias começaram a voltar em minha mente, até o dia em que te conheci, e as lágrimas rolam pelo meu rosto. Você provavelmente esqueceu esse dia há tanto tempo, e eu ainda me lembro dos detalhes. Eu andava pela rua, como você falava mesmo? Ah sim, “Querida, você parecia estar pedindo pra ser atropelada. As pessoas normais olham por onde andam, sabia?”. Como eu sinto falta da sua voz me repreendendo. Mas onde eu estava mesmo? Ah sim, eu andava pela rua, e acabei trombando em você. Eu ainda consigo ver o susto em seus olhos quando nós dois fomos pro chão, e você tão preocupado em não me machucar. Foi quando eu me apaixonei. Você foi a primeira pessoa que se preocupou comigo de verdade. E eu não conseguia entender o por quê. Depois daquele dia nós não nos largávamos mais. Eu não conseguia mais viver sem seus cuidados. “Querida, cuidado com isso, você vai acabar se machucando. Solta, deixa que eu mexa nisso”. O modo como você falava comigo, como eu era tola, eu implicava quando você me chamava de querida. Eu não imagino você me chamando de outra forma. Até nas brigas, nas nossas poucas brigas, “Querida, cale a boca, você não sabe o que ‘tá’ dizendo”. E eu gritava mais e mais com você. Se eu soubesse o quanto sentiria falta, nunca teria pedido a você que partisse. Mas acho que não adiantaria, não é? E as nossas promessas? As promessas infantis que preenchiam nossas vidas de alegria. Eu lembro, e rio sozinha de como éramos ingênuos. Lembra? Você já deve ter esquecido, mas nós juramos que íamos ficar juntos pra sempre, que morreríamos juntos, como em um filme. E eu acreditava nisso. Nós prometemos que um dia voaríamos de asa-delta, juntos. Iríamos a Veneza. Lembra que nós prometemos nos casar na praia? Tantas promessas, e de todas, a única que conseguimos cumprir foi a de que esse amor nunca acabaria. Como dói lembrar que eu pedi pra você ir embora. Eu me sentia dependente de você, e eu tinha medo de não te fazer feliz como você merecia, tinha medo que você me deixasse e eu não conseguisse continuar. Então eu fui a pessoa mais imbecil desse mundo, e disse que não te amava mais, pedi que me deixasse. A dor de seus olhos me machucaram tanto, eu não sei como você pode acreditar em tamanho absurdo. Você não acreditou, eu sei que não, mas seus olhos, eles pareciam tão chocados. Eu nunca, eu jamais... Eu te amo e eu vou te amar pra sempre, independente de tudo o que aconteceu. “Querida, não fale besteiras. Você sabe que é só ao seu lado que eu vou ser feliz minha querida”. No fundo, eu esperava que você me dissesse que não iria, mesmo que eu pedisse, que eu implorasse. Não adiantaria não é? E você foi. Acho que você nunca vai saber o quanto me doeu vê-lo partir, ou vai, o quanto me matou por dentro ver você ao lado de outra, enquanto tudo o que eu queria era ter você ao meu lado, outra vez. Eu nunca poderia pedir a você que voltasse. Eu te pedi que fosse embora, eu não teria forças para pedir que deixasse sua felicidade e viesse se prender a mim outra vez, mesmo que fosse a única forma de eu ser feliz. E você parecia tão feliz, falando de como ela era carinhosa. Você sempre a chamava pelo nome, você nunca me chamou pelo nome. Eu devia ter dado algum valor a isso. Você parecia tão feliz, isso era suficiente pra mim. Querido, você sempre soube que eu não me importava muito com a minha felicidade, não é mesmo? “Minha querida, mas se você não for feliz eu não serei também, pense em você meu amor”. Eu sinto falta do som da sua voz, tentando me convencer de que tudo o que precisava era estar comigo. Eu sinto falta do seu abraço. Seu perfume. Eu fui tão estúpida. Queria estar contigo agora. Vocês iam se casar, eu lembro. Faziam questão de que eu participasse de tudo, e visse o quanto vocês dois eram felizes. Eu devia ter dado mais valor aos seus olhares. Então, aquela mudança. Telefone, celular, e-mail, seu apartamento, você não me respondia. Era como se você não quisesse falar comigo, não quisesse mais me ver. Isso foi tão cruel querido, eu tive tanto medo. E eu tinha que me contentar, apenas com aqueles e-mails diários: “Não se preocupe, está tudo bem querida”. Querida, sempre querida. Como isso me irritava. Só hoje eu posso ver que foi proposital. Você queria que eu me acostumasse à sua ausência, não é? Bobo, eu nunca me acostumaria. E apenas nas vésperas do seu casamento ela me ligou, dizendo que precisava me ver, urgente. Confesso que um traço de esperança se formou no meu coração, eu era tão burra, achei que você finalmente tinha se dado conta de que me amava, e tinha resolvido deixá-la. Eu, eu que deveria saber que você não seria capaz de tamanha crueldade com alguém. Mas foi tão inevitável, há tanto tempo eu sonhava em te ter de novo. E então o meu mundo, a minha esperança, tudo acabou. A vida não é nada justa. Ela não precisou dizer uma palavra, olhando para os olhos dela, naquele momento, eu vi meus sonhos desmoronando. Ela não precisou dizer nada, eu sabia, eu podia sentir. Eu devia ter dado mais valor aos meus sonhos, sonhos não, pesadelos. Eu devia ter dado mais valor aos meus pesadelos naquela noite, mas você mesmo sempre me disse que eles eram apenas sonhos. “Querida, são sonhos. Eu nunca vou deixar você sozinha, nunca, ‘tá’ me ouvindo bem?”. Era por isso, não era? Você sabia, e não queria que eu sofresse. Você não teria acreditado em todas as mentiras que eu falei, você sempre soube que eu te amava, mas você simplesmente não queria que eu sofresse. Ela não disse nada, apenas me entregou uma carta, e foi embora. E eu fiquei lá, foi você que pediu a ela que fosse lá, não foi? Só pode ter sido. Eu fiquei no restaurante, onde nós tínhamos prometido nunca nos deixar, aquele, simples, na beira da praia. Era lá que nós íamos sempre. Era o meu preferido. Só pode ter sido você quem pediu. Os dias ao seu lado eram tão completos, nada me faltava. E eu era feliz, naquela época eu era tão feliz. Eu não parava de tremer, e não tinha coragem de ler o que a sua carta dizia, mas eu precisava. Obrigada por ter pedido a ela que escolhesse a nossa mesa, aquela no canto, eu não suportaria que me vissem naquele estado. Quando eu consegui, finalmente, abrir a carta... “Querida, eu sempre te amei. Perdão por te fazer acreditar que eu construiria uma vida ao lado de outra, por fazer você sofrer tanto vendo a minha suposta felicidade. Eu tentei te dar sinais, mesmo querendo que você acreditasse na mentira, eu tentei. Você, sempre tão preocupada em esquecer-se de si mesma, não foi capaz de percebê-los. Eu sempre te amei, minha querida. Perdão por não ter te contado a verdade, eu não podia. A minha felicidade sempre foi a sua, você deveria saber disso. Quando você me pediu que partisse, foi tão oportuno, minha hora já estava chegando, eu precisaria ir de qualquer forma. Minha querida, não se preocupe, eu estarei bem se você estiver bem. Então, faça apenas uma coisa por mim: seja o mais feliz possível. Se você me esquecer eu vou entender, eu vou estar feliz por você. Seja feliz. Perdão meu amor, sei que talvez nunca me perdoe, mas perdão. Eu deveria ter cuidado de você, eu não podia ter me apaixonado, mas foi tão inevitável. Você não podia ter se apaixonado por mim. Você, sempre tão doce, carinhosa, sorridente, tão meiga. Não imagina como era difícil ver você fingindo estar feliz pela minha suposta felicidade. Você nunca me enganou, sua boba, e você sempre soube disso. Eu tentei adiar isso, eu tentei ficar ao seu lado pra sempre, mas eu nunca poderia. Perdão por ter feito tantas promessas, mesmo sabendo que não poderia cumpri-las. Perdão por ter deixado você me amar. Eu sempre te amei, essa promessa você pode estar certa de que eu me encarregarei de cumprir. Mesmo se eu não quisesse, eu te amaria. Seja feliz minha querida, e se você ainda quiser, eu estarei aqui te esperando, quando chegar a sua hora. Mas não se sinta presa, eu não suportaria ser o culpado pela sua infelicidade. Seja feliz, apenas isso, minha querida. Eu não podia mais adiar, eu tinha que voltar, aqui é o meu lugar. Mas eu sempre estarei contigo, sempre. Perdão, meu amor. Eu te amo, e eu sempre vou te amar. E nunca se esqueça, seja feliz. E agora, enxugue essas lágrimas, e dê uma volta na praia, o dia está lindo”. Desculpa por não ter conseguido enxugar as lágrimas, era impossível. A vida não é justa, eu queria ter você aqui comigo. Ela não é justa. Então eu tive que cumprir todas as nossas promessas sozinha. Não se sinta mal por isso, eu fui feliz meu amor, a cada vez que eu lembrava de você, eu era feliz. Foi você, o único motivo de eu ter aguentado por tanto tempo. Eu espero poder te encontrar logo, eu sinto muito a sua falta. Os anos passaram rápido. Sabe, você disse que sempre estaria comigo. Eu ainda sinto sua presença aqui, e isso me conforta. Querido, estou um pouco cansada, eu vou dormir. Até logo, te amarei pra sempre, meu querido.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Strip-Tease

Eu mesma
Não passo de uma pessoa apenas
E apenas quero ser uma pessoa sensata
Mesmo com as trapaças das outras pessoas
Ora,
Eu mesma
Me passo pra trás
Poesia Reunida - Martha Medeiros

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Das alegrias do inesperado.


Há dias que são como sonhos. Aqueles que estão fadados ao fracasso, e surpreendentemente enchem-se de magia, e tornam-se perfeitos. Hoje foi um desses dias. Eu estava cansada de ver a felicidade alheia, e saber que eu não compartilharia dela nunca. Era horrível, doloroso, saber que depois de anos, aquela pessoa que eu admirei tanto, estava aqui, perto de mim, e eu não a veria. Faltava menos de meia hora para que a tortura de saber que centenas de pessoas ouviam sua voz cantar, enquanto eu estava sentada em meu quarto, ouvindo as músicas que aqueles podiam ouvir, vendo-a. E então, um “pequeno anjo” mudou tudo, e fez daquele um dos dias mais felizes da minha vida. Um pequeno anjo, uma pequena amiga, maravilhosa, que me ligava mandando-me ir para lá, que eu a veria sim. Duas grandes amigas, para as quais, nunca encontrarei palavras suficientes para agradecer. Eu tinha 26 minutos para trocar de roupa, ficar com uma aparência apresentável e chegar ao local do show. Em 32 eu cheguei. Perdi o começo do show de abertura, mas eu estava lá. E a felicidade que eu senti, quando vi que estava apenas na sexta fila, foi ainda mais indescritível. O show de abertura se estendia, e eu, nervosa, mordia os lábios. Tinha medo de fazer um movimento mais brusco, e acordar em casa outra vez. Mas então, finalmente, ouvi seu nome sendo chamado. Tive os dois minutos e dezesseis segundos mais longos da minha vida, e então, ela estava lá. Exatamente na minha frente, cantando músicas que eu ouvi incontáveis vezes, pensando que jamais ouviria em sua voz, ao vivo, somente em sua voz. Uma música. E mais um presente. Quem canta comigo? Todos deixam os seus lugares e correm para perto do palco. Não, eu não cantei, e nem me arriscaria. Mas eu deixei meu lugar na sexta fila, para ficar a duas pessoas de distância. Então o show continuou, e eu a via tão de perto, como nunca ousara imaginar. Aquela hora pareceu voar, e estava acabado. Eu não poderia reclamar de nada, estava ali, não estava em casa morrendo por dentro por não vê-la. Contentei-me com um bônus inesperado, e estava pronta para voltar para casa toda sorridente, quando mais um presente me apareceu. Não pode ser! Podia sim. Era a van dela, passando exatamente quando entrávamos no carro. Uma perseguição emocionante de mais ou menos meia hora. Será que é? E se não for? Pra onde será que estamos indo? Os carros que a seguiam conosco aos poucos foram desaparecendo, até que ficamos apenas nós, e a van. E se não fosse? Então, para nosso alívio, ela entrou exatamente no lugar esperado. Era. Seguimos o carro certo. Descemos correndo, enquanto seu carro encostava, para que ela descesse. A porta abriu, desce o segurança, então uma mão aparece, e aos poucos, todo seu pequeno corpo de boneca. Era ela, ali, a centímetros de mim, ao alcance das minhas mãos. Eu poderia tocá-la, mas e o medo de que meu sonho terminasse se eu me mexesse? Vida de fã é difícil. E eu não reclamaria da minha oportunidade única. A vi entrar no hotel, e mandar dezenas de beijos seguidos de agradecimentos para todos os loucos que a haviam ido esperar no hotel. Ela então entrou no elevador e subiu, ainda sorrindo. Aquela cena jamais se apagaria da minha memória. Eu não podia acreditar, ela era a mesma boneca que parecia em fotos. Tão linda, tão pequena, tão única, tão sorridente, com uma voz tão perfeita. E eu a havia visto tão tão tão de perto. Eu sabia que várias pessoas ali, dentro de alguns dias, receberiam suas fotos com ela. Que essas pessoas haviam abraçado-a. Sabia que minhas amigas estavam incluídas nessas pessoas. Mas eu não me importava, eu ficava realmente feliz por todas essas pessoas. Meu deus! De que eu reclamaria? Eu não estava em casa, onde era pra estar. Eu estava ali, no mesmo lugar que ela. Dia 15 de agosto de 2010 é um dia que eu jamais esquecerei. A imagem de Maite Perroni descendo da van, a centímetros de mim, sorrindo, mandando beijos, e falando “gracias”, ainda me fará sorrir por muito tempo. Vida de fã é difícil. A gente sempre sonha em um dia estar perto do ídolo, e sempre acha que não vai conseguir. Mas quando acontece, ah, é maravilhoso. Quando acontece, faz com que tudo valha à pena.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O tempo.

O que é o tempo? Tentemos fornecer uma explicação fácil e breve. O que há de mais familiar e mais conhecido do que o tempo? Mas, o que é o tempo? Quando quero explicá-lo, não encontro explicação. Se eu disser que o tempo é a passagem do passado para o presente e do presente para o futuro, terei que perguntar: Como pode o tempo passar? Como sei que ele passa? O que é um tempo passado? Onde ele está? O que é um tempo futuro? Onde ele está? Se o passado é o que eu, do presente, recordo, e o futuro é o que eu, do presente, espero, então não seria mais correto dizer que o tempo é apenas o presente? Mas, quanto dura um presente? Quando acabo de colocar o ‘r’ no verbo ‘colocar’, este ‘r’ é ainda presente ou já é passado? A palavra que estou pensando em escrever a seguir, é presente ou é futuro? O que é o tempo, afinal? E a eternidade?

Confissões - Santo Agostinho

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por mais breve, mais leve, por mínimo que seja.

A gente se surpreende quando menos espera, e então enxerga como a vida é maravilhosa. Foi assim com você, foi assim com nós dois. Temos que correr riscos, temos que tentar. Não posso nem pensar como teria sido, se não tivéssemos arriscado. Sim, prefiro me magoar a não sentir nada. Não tenho porque lamentar o passado, e nem poderia. Eu tenho a ti, e isso faz com que tudo tenha um sentido. Eu sei, mesmo longe, que você está perto de mim. E sei que em algum momento, você realmente estará aqui. Então irá realizar todos os meus sonhos, e me fazer feliz.

domingo, 8 de agosto de 2010

As mãos de meu pai.

As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já cor de terra
— como são belas as tuas mãos —
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram
na nobre cólera dos justos...

Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas...

Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente,
vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, Como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos.

E é, ainda, a vida
que transfigura das tuas mãos nodosas...
essa chama de vida — que transcende a própria vida...
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma...

Mário Quintana

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Não sei se te empurro, ou me jogo do precipício.

A vista do alto de abismos é fascinante. Dá aquela sensação de poder deliciosa. Acima, apenas o céu. Abaixo, centenas de metros abaixo, o mar. Ando até a beirada mais uma vez. Céu. Mar. Não pode ter vista mais bela, para ser a última. Um passo me separa desse mundo. Respiro fundo. Primeiro um pé, depois o outro. Domino o céu por alguns segundos, sentindo o vento em meu rosto. E então o mar. O fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Strip-Tease.

Envelhecer, quem sabe
Não seja assim tão desastroso
Me interessa perder esta ansiedade
Me atrai ser atraente mais tarde
Um pouco mais de idade, que importa
Envelhecer, quem sabe
Não seja assim tão só

Poesia Reunida - Martha Medeiros

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O caminho entre sua realidade e seus sonhos.

Você foi a última parada do meu destino, e seremos você e eu, em um lugar para dois, um lugar que se chama amor, e se encontra justo aqui, comigo. A viagem pode demorar o quanto quiser, o verdadeiro amor pode esperar. Um dia, em algum momento, nós chegaremos ao nosso destino. Ao nosso lugar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ovelha negra.

Acho que talvez eu precise de terapia. Para aprender a não me conformar em ser a segunda opção de uma pessoa, muito menos de quatro. Para não dar valor excessivo a quem me tem como segunda opção. Para aprender a ficar mais calada quando algo me incomoda. Para não ser tão sincera, afinal, as pessoas não gostam de sinceridade. Para aprender a não amar as pessoas, porque isso pode ser considerado dependência. Ou talvez eu precise de terapia, por outros motivos. Quem sabe para aprender a fazer exatamente o que sinto vontade, sem medo de ser considerada mal educada. Ou para não me preocupar em magoar quem me magoa. Talvez, eu precise de terapia, para saber como eu faço para não apenas me calar quando me falam uma merda muito grande, e sim responder exatamente como eu quero. Por exemplo, “Enfie essa sua amada terapia, no seu cu”. Soa tão rude, tão mal educado, acho que eu preciso de uma terapia para aprender a dizer isso sem me sentir culpada. Talvez eu precise de uma terapia para aprender a dar valor exatamente a quem merece. E não a pessoas, que vão sair jogando na minha cara que eu preciso de terapia, muito menos a pessoas que se limitarão a dizer “eu concordo”. Pois bem, enfiem sua amada terapia no cu. Talvez eu não precise de uma terapia para aprender a dizer isso, até que eu gostei. Talvez quem precise de terapia, seja quem diz isso, não é? Mas seria extremamente indelicado citar os motivos aqui. Talvez eu precise de terapia, para deixar de ter medo de ser indelicada, afinal.

Das terapias deliciosas.

Amor: 1. Sentimento que induz a obter ou a conservar a pessoa ou a coisa pela qual se sente afeição ou atração; 2. Paixão atrativa entre duas pessoas; 3. Afeição forte por outra pessoa; 4. Brandura, suavidades; 5. Paixão ou grande entusiasmo por algo.
Isso é o que diz o dicionário. Particularmente, acho essa uma definição bastante superficial. Amor é um sentimento admirável, sem dúvida inexplicável e incompreensível, mas acima de qualquer definição, é o sentimento mais nobre de todos. Defini-lo, em gestos, já é exageradamente difícil, defini-lo em palavras é simplesmente impossível, mas essa é a única forma que me resta. Amor não é uma atração, um entusiasmo, afeição... Amor é algo que torna altruísta o mais egoísta dos seres, que é capaz de levar as pessoas a extremos para atingir o único objetivo verdadeiro de um apaixonado: a felicidade do ser amado. Ele faz de qualquer preocupação, além do “objeto de afeição”, mera futilidade. Chamá-lo de vicio não seria impróprio, afinal, lhe faz dependente de uma pessoa, é um vicio muito mais forte do que qualquer droga, porque a hipótese de ficar longe do ser amado, soa como um enorme absurdo, e vem junto com uma dor espantosa. Quando o amor é correspondido, torna-se cura de todos os males, amor correspondido é como mágica, impossível é não sorrir quando se ama e é amado, impossível não ser feliz. Há quem diga que entre o amor e o ódio existe apenas uma linha tênue, há quem não concorde. Amor e ódio são sentimentos diferentes, e ao mesmo tempo, extremamente parecidos. Ambos são incontroláveis, no entanto um é o mais admirado e desejado, o outro, o mais desprezado. Não há amor sem ódio, aquele ódio infantil e momentâneo quando alguém lhe afasta do “objeto amado”, e então, aquele amor doce e puro, quando ele volta e lhe enche de amor. Amor é o mais forte dos sentimentos, prova disso, o amor sempre vencer o ódio. Subjetivo, indescritível, e só o entende quem já amou sinceramente. Aqueles que não amaram, o acham bobo, fútil, loucura, e as centenas de defeitos que consigam pensar. Quem nunca amou nunca compreenderá o que é você ter coragem de arriscar a própria vida para proteger alguém, nunca entenderá como pessoas apaixonadas abrem mão dos próprios desejos para simplesmente fazer feliz o ser amado. Não sei quantas vezes uma pessoa é capaz de amar, mas sei que uma, duas, infinitas vezes... O amor será sempre inesquecível. Impossível lembrar-se de um grande amor e não sentir saudades, independente de quanto tempo tenha se passado, independente do que tenha acontecido. Um amor verdadeiro provoca suspiros, somente em pensar que a pessoa existe, causa pavor em cogitar que um dia possa haver um fim. É como um sonho, como um conto de fadas, você tenta se conformar que um dia pode acabar, mas isso é absurdamente doloroso. Porém, saber que ele existiu é um conforto, afinal, há aqueles que nunca vão experimentar o doce sabor do mais cobiçado dos sentimentos. Amores duram para sempre, dentro dos nossos corações. 509 palavras, um tempo consideravelmente longo escrevendo, e ainda assim, lendo e relendo, isso não descreve nem um décimo do que é amar. Ame, verdadeiramente, sem medos e sem limites, assim ele torna-se assustadoramente simples de ser compreendido. Todavia, eternamente inexplicável. Amor: substantivo sem definição. Esse é o verdadeiro significado que deveria constar nos dicionários.

Esse texto é antigo, e acho até que muita gente já o leu. Porém, me pareceu extremamente propício ao momento. À quem não entende, perdão, é imensamente triste que você nunca tenha amado alguém. Talvez você precise de terapia para aprender como se faz.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Strip-Tease.

Eu penso conforme o tempo
Eu danço conforme o passo
Eu passo conforme o espaço
Eu amo conforme a fome
Eu como conforme a cama
Eu sinto conforme o mundo

Mas no fundo
Eu não me contorno

Poesia Reunida - Martha Medeiros

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Um momento bom.

Não me importa destino algum, eu quero estar contigo. Saber que vale a pena sim, e que meu coração não se enganou com este amor. Eu quero olhar em seus olhos, e enxergar o seu coração. Quero te abraçar, e sentir que finalmente estou em casa. Eu quero que nossos lábios se encontrem, e sintam-se como se tivessem esperado toda a vida por aquilo. Quero sentir sua mão na minha, e que elas se encaixem perfeitamente. Quero apenas ter você aqui, ao meu lado. E não consigo mais esperar por isso. Eu apenas preciso de você, agora.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Um exílio no deserto.

Eu me sinto meio sozinha. Abandonada. Não é como se eu tivesse me isolado das pessoas, não sei. É mais como se elas não se importassem mais comigo, e tivessem me deixado de lado. Passei para o segundo plano, entende? Eu não ouço seus conselhos, portanto não valho à pena. Não sou digna de seu precioso tempo. Todos me entendem, mas ninguém está disposto a ouvir o que realmente acontece. Todos dizem o que devo fazer. Porém, me entendem tão bem, que não são capazes de abrir os olhos e ver que não posso fazer nada. Não é como se eu os recriminasse por isso, não sinto mais nada. Não há mais espaço pra qualquer outro sentimento, além do tal amor doentio que tanto criticam. Não é como se eu esperasse qualquer outra atitude. No fundo, eu entendo que é realmente uma loucura. Apenas queria tê-los ao meu lado. Amigos são para isso, não são? Momentos bons e ruins e tal. Talvez seja só mais um conceito bobo. Na verdade, estou acostumando-me com isso. Sinto-me sozinha apenas até o tal amor doentio aparecer, depois sou completa e feliz outra vez. Vejam só, que grande absurdo! O tal amor, aquele que tanto me faz mal, é exatamente o que me conforta. Enquanto, quem deseja tanto o meu bem, não se importa com isso. Vá entender, ? Eu desisti. Serei bastante recíproca agora. Importo-me com quem se importa comigo. Com quem realmente se importa, e não com quem me vem com discursos prontos, falando o que eu deveria fazer.Porque, me desculpem, disso eu estou cansada.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

A maneira mais suave de morrer.

- Você não pode ficar, eternamente, esperando ele chegar.
- Eu sei disso.
- Então...
- Então nada. Não é questão de eu querer, simplesmente não consigo. Eu não consigo nem pensar em mim mais, é tudo ele.
- Eu entendo você, mas... Você tem que tentar.
Entende, é claro, pensei amargamente. Respirei fundo, para controlar minha vontade de gritar. Não, você não entende merda nenhuma. Você nunca vai entender. Não é questão de tentar, se fosse só isso seria fácil.
- Tá. – respondi, fria.
- Você não está me levando a sério. – mais cinco minutos disso e eu explodiria. – Você não está nem me ouvindo.
- Você não entende. – sussurrei.
- Mas é claro que entendo!
Aquilo era o máximo que eu podia aguentar. Eu estava cansada de todo mundo me dizendo o que eu devia fazer, como se realmente pudessem me entender.
- Não, você não entende! – gritei. – Você não sabe como é gostar de alguém a ponto de não conseguir controlar atitude nenhuma sua! A ponto de não se importar com mais nada. E mesmo sabendo que age como idiota, ter forças apenas para insistir nisso!
- Você não sabe do que está falando.
- Ah eu sei! E sabe por que eu tenho tanta certeza de que você não me entende? – ela me olhou, estimulando-me para que eu continuasse. – Porque nem eu me entendo. E se você tivesse passado por algo parecido com isso, você saberia que não depende de mim!
- Você não sabe o que eu sinto para falar isso. – ela disse, já sem paciência.
- Não. Mas eu sei o que EU sinto. Eu sei exatamente como é.
Ficamos em silêncio, apenas nos olhando.
- Você não pode continuar com isso.
- Eu sei que não posso. E sei que vou continuar.
- Você tem que...
- NÃO ADIANTA! Eu não consigo nem tentar! Enfia na sua cabeça, eu não posso desistir disso. Eu estaria desistindo de mim, se desistisse dele.
- Isso não é saudável.
- Eu sei. Eu sei que provavelmente eu estou esperando por nada. Eu não sei o que vai acontecer, não sei de nada. Eu não sei o que sinto por ele, mas amor parece pouco.
- Você está louca.
- Pode ser. Talvez esteja mesmo. Ele é parte de mim, só isso.
Ela me olhou, dando de ombros.
- Não adianta eu falar.
- Não, não mesmo.
- Bom. – ela deu de ombros outra vez, virando-se de costas. – Me desculpe, não posso fazer nada.
Fiquei sentada na cama, encolhida, enquanto a via sair. Eu não suportava mais as pessoas falando que podiam me entender, quando não podiam. Eu não aguentava mais as pessoas falando o que eu devia fazer, quando eu não tinha escolhas. Eu não conseguia mais ouvir as pessoas falando que eu deveria conhecer outros caras. Eu sabia que não adiantaria. Que eu podia conhecer quantos homens quisesse, nenhum seria como ele. Não sei por que, não entendo, mas eu sei que vou ficar aqui, sempre, esperando ele chegar. Ele é parte de mim. Não entendo, realmente.
Respirei fundo, e me deitei outra vez. Era bom estar sozinha. Era bom poder sonhar acordada, sem ninguém para me recriminar. Era bom poder fingir que ele estava aqui, mesmo que eu soubesse, que talvez, ele nunca estaria.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Bom, isso já é demais.

Quem sou eu? É pra ser sincera? Não é uma pergunta muito fácil de ser respondida, eu nem sei se realmente sei quem sou. Acho que eu pareço um pouco fria e fechada para quem não me conhece, e acredito que minha timidez tenha uma boa parcela de culpa nisso. Porém, depois de me conhecer, é fácil perceber que eu passo uma primeira impressão errada. Meu coração é mole demais, e eu sou capaz de quase tudo para fazer bem àqueles que amo. Acredito que seja por isso que eu evito gostar de alguém sem conhecê-lo o suficiente para saber que não irei me magoar, o problema é que eu me apego muito fácil às pessoas, e é exageradamente difícil para eu aprender a viver sem alguém com quem estou acostumada a ter por perto. Acho que eu pareço ser um pouco frágil, talvez pelo meu jeito de criança, mas definitivamente, não, eu não sou frágil. É como se eu tivesse construído uma “barreira” dentro de mim, e eu não deixasse nada que possa me fazer mal ultrapassá-la. Algumas pessoas dizem que isso pode não ser saudável, eu não sei, até hoje nunca me fez mal. Eu tenho um lado todo infantil, e normalmente é como sou, mas se eu precisar, posso ser bastante adulta. De idiota, eu só tenho a cara, não tente me enganar, não tente mentir pra mim. Realmente, não tente mentir pra mim. Mentira é a única coisa que eu não consigo mesmo perdoar, o resto... O coração mole fala por si só. Eu não sei ficar brava por muito tempo, então eu esqueço rápido. Não faz muito meu tipo falar tudo o que eu sinto, prefiro que as pessoas percebam sem eu precisar usar palavras para isso. Mas definitivamente, eu falo tudo o que penso, e às vezes o que não penso também. Eu falo, simplesmente. Quem sou eu? Eu não sei, isso depende muito de quem você é pra mim.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Canção de inverno.

Pinhão quentinho!
Quentinho o pinhão!
(E tu bem juntinho
Do meu coração...)

Mário Quintana

terça-feira, 13 de julho de 2010

Strip-Tease.

Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço

Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto

Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura

Poesia Reunida - Martha Medeiros

domingo, 11 de julho de 2010

Um coração para chamar de meu.

Coração acelerado. Borboletas no estomago. Olhos brilhando. Aperto na garganta. Sorriso de orelha a orelha. Mãos tremendo. Felicidade que consome. Amor incondicional. Necessidade de proximidade. Altruísmo exagerado. Preocupação extrema. Isso deve ser para provar que eu estava errada. Me obrigar a admitir que essas coisas existem. Eu me sinto completa agora, mas antes disso, eu nem sabia que me faltava algo. Não sei se isso é assim para todos. Talvez, só pareça tão único porque é comigo. Minhas atitudes não têm mais lógica alguma. E pensar em mim é impossível. Meus pensamentos, meus sonhos, meu corpo... Nada mais me pertence. Tudo, agora, pertence àquela pessoa. A mesma para qual entreguei meu coração. Isso existe, sou obrigada a admitir. E é exatamente como descreveram em músicas, livros e poemas. Por mais que palavras não expliquem exatamente o que sinto. É algo maior. Fico pensando, se todos que falaram sobre o amor, realmente o conheceram. Parece tão único. Não sei se amar dessa forma é comum, ou não. Sei apenas que me sinto uma grande sortuda por poder provar isso. Por perder meu coração, tão completamente, para alguém que está disposto a entregar-me o seu em troca.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A idade de ser feliz.

Vontade de sair, me afundar na tequila e me perder na pista de dança. De dançar até meus pés (ou no caso, os joelhos) não aguentarem mais. Vontade de gritar, pular, fazer o que der na telha. Vontade de não pensar nas consequências e simplesmente agir. Vontade de matar todas as minhas vontades. Vontade que essa sensação boa não passe nunca.

Textinho medíocre, mas só pra não dizer que não ando escrevendo. Queria mesmo era estar me arrumando pra balada, fazer o que.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Liberta-te dos teus fantasmas.

Insisto. Insisto mesmo sem querer. Insisto pelo tempo que passou, e por tudo o que passamos juntos. Insisto pelas lembranças que ficaram, e por tudo o que aconteceu. Não sei se é certo ou errado. Mas insisto. Insisto sem sequer saber se ainda vale à pena. Insisto sem sentir mais, insisto apenas para não dizer que não tentei... Insisto apenas por insistir.

Das utopias.

Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!
Mário Quintana

terça-feira, 6 de julho de 2010

Como dar corda ao relógio do mundo.

Meu amorzinho, eu sei que eu já falhei contigo, demais. Que eu te fiz sofrer, e não confiei em você quando eu mais devia ter confiado. Eu sei que eu sinto um ciúme doentio nas ocasiões mais idiotas, e que eu não chego nem perto da perfeição. Ser perfeita é complicado demais, eu tento esconder meus defeitos de ti, mas uma hora eles acabam aparecendo, e eu te decepciono. Te decepcionar é outra coisa muito complicada, porque é difícil pra mim aceitar que eu não sou tão perfeita pra você quanto você pra mim. Você é perfeito pra mim, perfeito demais, e isso dá medo.
Às vezes eu fico pensando se erraram na hora de “traçar” meu destino, colocando você lá, e que a qualquer momento pode virar tudo de ponta cabeça, quando perceberem que tem uma menina toda perfeitinha como você, e que era pra você estar com ela, não comigo. Se isso é um erro mesmo, sei lá, acho que eu gostei bastante desse erro. Ninguém me faz feliz como você, ninguém me completa tanto, me entende, se preocupa, faz eu me sentir uma princesa, como você. Um erro, um acaso, ou mesmo um jogo do destino, o que for, eu amei isso. É sim o melhor que podia acontece na minha vida.
E tem também a outra hipótese, a gente é perfeito um pro outro, “almas gêmeas”, e se for isso, aí eu to no céu. Eu posso merecer tudo isso, não posso? Acho que eu não sou esse monstrinho que muita gente acha que eu sou, eu tenho qualidades também. Eu sou altruísta com você, pode ser só com você, mas eu sou. Eu nunca ia conseguir ser feliz se isso não fosse sua felicidade também, é meio impossível. Minha felicidade é a sua, e ponto.
Mas tá, agora chega de enrolar. Eu cansei de prometer coisas pra você, coisas que eu talvez não possa cumprir, eu acho que promessas assim são feitas por pessoas que não conhecem o verdadeiro amor e que se deixam levar pela euforia do momento. Eu não acho que esse seja o meu caso.
Eu te amo meu amor, eu te amo porque você é o homem da minha vida, eu te amo hoje, e eu te amo até o ultimo dia da minha vida. Você é meu companheiro ideal, meu amante, e meu melhor amigo. Meu coração bate por você, e só por você. Eu entreguei meu coração a ti desde o primeiro momento, te entreguei minha vida inteira, para que a minha vida e a sua, unam-se em uma só. Um beijo, uma vida, um amor, isso é o que eu te prometo. Te prometo o amor sincero de uma mulher que dá a vida pelo homem que ama. Te prometo só um instante, para que a vida se encha de magia. Te prometo a eternidade ao seu lado, um sorriso, uma lágrima, o mundo, nosso mundo. Vou viver para amar-te, para cuidar-te, para levantar dia após dia, quando o “felizes para sempre” quiser escapar de nós dois, para fazer com que ele nunca escape. Te prometo calor quando sinta frio, confiança, e meu arrependimento, e minha capacidade de perdoar. Eu te juro, que te farei o mais feliz de todos, ou pelo menos o máximo que eu puder pra isso. Pra sempre meu amor, pra sempre.
Eu sinto sua falta como eu nunca senti de ninguém, é insuportável ficar longe de você, porque por mais distraída que eu esteja, meu pensamento sempre volta pro mesmo lugar: você. É chato isso, eu queria mesmo controlar o que eu sinto por você, porque sei lá, é ruim isso, assusta, me dá medo. Eu já sofri uma vez e eu tenho pavor de sofrer de novo. Só que eu sei, que mais do que tudo isso depende de eu não agir de cabeça quente.
Mas não foi pra isso que eu estava fazendo uma bíblia, então, foco. Eu sei que você não vai me fazer sofrer nunca, por um simples detalhe, a gente se ama. Você me ama, e isso, meu, você me amar é meio inacreditável, eu não mereço tanto. Eu sei que tem gente que não quer a gente junto, que se irrita vendo o quanto a gente é feliz, e o quanto, pelo menos eu, faço questão de mostrar isso pro mundo. Mas e daí? A gente se ama, e o resto? QUE SE FODAM. É eu e você, e só. Não me importo com mais ninguém. Eu te amo, mais que tudo, pra sempre.

domingo, 4 de julho de 2010

Olhar vazio e indiferente.

Chega a ser assustadora a velocidade com que um sentimento tão puro e sincero pode se transformar em repulsa, por causa de uma pequena falha. Faz parte da natureza humana encobrir os defeitos alheios para evitar sofrimentos, porém em algum momento não há mais onde esconder isso, e tudo vai pelos ares. Então um desinformado chega com aquele imutável e ultrapassado discurso de que errar é humano e todos merecem uma segunda chance, de que a falha foi ínfima e não é motivo para tamanha decepção. Mal sabe esse desinformado quantas falhas foram ignoradas e quantas segundas chances foram dadas. Ou talvez saiba. Ele, porém, não deve saber que quando o carinho se converte em asco é impossível voltar atrás. Amor e ódio podem andar juntos. Amor e repugnância não. Desprezar quem se ama é impossível, é por isso que essa transformação é irreversível. Algumas pessoas, mesmo com medo, tendem a amadurecer com o tempo. Outras tendem a continuar no mesmo estado de inércia. Essas pessoas, estáticas, se tornam quase insuportáveis para quem consegue evoluir. Nada extraordinário o suficiente para que o sentimento perca sua importância. Então tem o tempo, e mais falhas. E aquelas pessoas acabam tornando-se repulsivas. Falhas e estática, somadas à mediocridade e falta de caráter, são praticamente intragáveis quando a paciência está se esvaindo. Qualquer disparate é motivo para chegar ao limite. Quanto maior o deslize, maior é o estrago. Sentimentos são fortes quando as duas partes estão interessadas em mantê-los, e quando ainda há pontos em comum entre tais partes. Do contrário, insistir no assunto só fará mal para ambos. Eu cheguei ao meu limite, eu não quero alguém inferior a mim, que precise me humilhar para se sentir mais poderoso. Chega. Então vem o desprezo, a repulsa, e tudo aquilo que já foi citado. Não há mais volta. Não há arrependimento capaz de desfazer tamanho desfalque. Acabou, de uma forma desprezível, porém, definitiva.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Como aliviar a dor do que não foi vivido?

Acabou. Ou não. Não sei. Não sei de mais nada. E sequer penso coerentemente. Quero acordar desse sonho ruim, que deu fim em todos os meus sonhos. Quero que seja, realmente, apenas um sonho ruim. Quero conseguir chorar, ou não. Me fechar em uma bolha, talvez? Outra vez? Tirar todas as ideias ruins da cabeça não seria mal. O que eu faço agora? Era esperado. Não, não era. Quando tudo dá certo demais, sempre tem algo para estragar. Não tem? Não deveria ter. E agora? Perdi o rumo, eu acho. Doce torpor, novamente? Não, esse dói. Dor. Talvez dor seja a única coisa que eu sinta agora. Um amor que dói. Que faz eu me sentir burra. Mas que insiste em permanecer ali. Não sei o que fazer. Ou o que pensar. Vontade de sumir, e isso assusta. De novo não, por favor. Deus! Como eu quero que dê certo. Que seja um sonho ruim. Não, não é. É real. Por que eu? Por quê? Quero dormir para nunca mais acordar. E essa vontade me assusta. Amor estúpido, que insiste em ser inabalável. Sou uma tola aos meus próprios olhos. Imagine aos olhos alheios! Mas eles não importam. Queria apenas acabar com essa confusão aqui dentro. Queria não sentir mais nada. Não sentir nada. Por mais que isso me assuste. Ah, como eu queria! Mas no fim, sei que isso é apenas da boca pra fora. O que eu queria mesmo, era estar sonhando. Sei que devia desejar não sentir mais. Ou talvez não devesse. Sei, que nunca deixarei de sentir. O meu amor é sempre o mesmo, as andorinhas é que mudam, não é?

Confusão silenciosa.

Coração apertado. Agoniado. Preocupado. Nervos à flor da pele. Misto de alegria e medo. Uma pontada de tristeza. Sonhos acordada. Sempre acordada. Coração a mil. Vontade de fazer o tempo voar. De fazê-lo parar. Sentimentos confusos e misturados. Pensamentos insistentemente fixos. Imaginação aflorada. Tensão. Mãos tremendo. Olhos brilhando. Aquele friozinho na barriga. Coisas novas. Falta pouco, finalmente.

Pessoal? Sim. Fugi à regra outra vez. Sem sentido? Para muitas pessoas. Outras entenderão. Entenderão que é exatamente essa confusão que consome minha cabeça agora.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Minha prisão ao ar livre.

Espero. Como uma senhora casada, deitada na cama, com um livro em mãos, pacientemente aguardando a chegada do marido. Como uma jovem adolescente, rolando na cama, nervosa, à espera e notícias do namorado. Como uma pequena criança, sonhadora, esperando que seu príncipe encantado apareça. Como uma mãe, preocupada com o filho que saiu pela primeira vez. Como uma mulher apaixonada. Como qualquer outra mulher. Fases distintas, épocas diferentes, fundindo-se em apenas uma. Uma espera, que agora, pelo menos, está chegando perto do fim.

Não está bom, não gostei. Mas minha cabeça está a mil, não sairá nada melhor. Provavelmente eu fique bem ausente esse mês, peço desculpas. E não me abandonem, por favor.

sábado, 26 de junho de 2010

A mulher do viajante no tempo.

Te amo, sempre. O tempo não é nada.

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

quinta-feira, 24 de junho de 2010

E talvez de meu repouso...

Às vezes eu fico pensando se nós teríamos dado certo. Eu acho que não. Eu queria que sim. Nós somos muito diferentes. Engraçado, mas é o contrário e quase todos os casais. Você é sério demais, eu não sei ser assim. Para mim, a vida tem que ser vivida, e para isso não se pode pensar antes de tudo, tem que ter uma dose certa de adrenalina. Um pouco de irresponsabilidade não faz mal algum. No fundo acho que eu não levo quase nada a sério. E eu sou feliz assim, só que você não consegue entender. Nós somos opostos demais, não sei se teria dado certo. Eu gosto de você, não sei se muito, mas o suficiente para me sentir extremamente confortável ao seu lado, e para não querer que você saia de lá. Mas então quando você sai, não sei, não é que você não faça falta. Eu só sei viver sem você também, sei viver muito bem. Não sei se gostar de alguém é suficiente para um relacionamento, mas eu acho que não. Talvez o seu ciúme seja um dos motivos para eu não conseguir gostar mais de ti, ciúmes é atraso de vida, pelo menos eu acho isso. Você parece não concordar. E eu não saberia mudar minhas atitudes, não saberia ser menos espontânea e nem controlar as palavras ao seu lado. Haveria brigas, muitas brigas. Porque eu também não saberia ficar quieta quando achasse que você estava sendo injusto. Pensando bem, nós temos um ponto em comum. Acho que o único que não seria saudável para nós. Nós não sabemos ser contrariados, não damos o braço a torcer. E incrivelmente, nós sempre insistimos em contrariar um ao outro. Não teria dado certo, porque com isso, nós nos irritamos muito. Você me irrita demais, isso não é normal. Você se preocupa demais comigo. Não que eu ache isso ruim, eu amo. O problema é que para me proteger você acaba tentando me controlar, acaba tentando mandar em mim. Não sei receber ordens. Acabo fazendo o contrário só para mostrar que você não manda em mim. E com isso, mais discussões bobas. Nós discutimos por coisas tão banais. Você dá valor demais às palavras. Palavras são tão superficiais. Atitudes, para mim, importam muito mais. Talvez por eu não conseguir colocar em palavras o que eu sinto, nunca me dei muito bem com elas. Não sei. São tantas coisas. Só que mesmo com tudo isso, eu sinto sua falta. Difícil de entender, mas mesmo sabendo que não seria bom, eu queria ter você aqui. Não daria certo. Mas não sei, às vezes eu acho que nós poderíamos ter tentado. Então eu me lembro de que já passou. Passado não volta, ele fica lá atrás. Perturba-nos de vez em quando, nos faz pensar como seria se tivéssemos feito diferente, mas não muda. Passado. Não sei por que eu perco meu tempo pensando nisso, não teria dado certo.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um desejo que voa.


Nada é eterno. O tempo pode passar rápido demais, ou devagar como uma tartaruga. Mas ele sempre passa. Pode andar em círculos, de trás pra frente, ou na direção certa. Invariavelmente, ele está em movimento. Às vezes, penso no tempo como um pequeno beija-flor. Tem sua velocidade própria, e se alguém segurar suas asas, na vã tentativa de pará-lo... Ele morre. Simples assim. Não adianta tentar interferir. Ele tem uma vida própria, só dele. E não pára nunca. Ele precisa de movimento, faz parte dele. Tentar fazer as coisas se eternizarem é besteira, perde de... Tempo. Melhor é aproveitar cada segundo sem pensar no próximo, afinal, para nós ele pode não existir. Para o tempo... Para o tempo ele é eterno. Mas o tempo é diferente. Para nós, tudo acaba um dia, por culpa única e exclusivamente dele. O tempo.

A mulher do viajante no tempo, O curioso caso de Benjamin Button, a minha imensa vontade de que o tempo passe rápido... Tudo anda levando meus pensamentos para um único ponto: o tempo.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Sonhar é acordar-se para dentro.

Um dia eu sonhei em virar a Cinderela, mas eu descobri que “felizes para sempre” é só mais uma expressão incerta. Eu quis ser veterinária e salvar todos os cachorrinhos da rua, até o dia em que eu fiquei sabendo que para isso, primeiro, eu teria que dissecar um sapo. Eu queria um caminhão de algodão doce, e eu ainda quero. Já desejei a fama, mas hoje eu sei que tem coisas muito mais valiosas do que apenas ser reconhecida por desconhecidos. Por um momento acreditei que amores verdadeiros eram eternos, e agora eu sei que a qualquer momento eles podem acabar. Sonhei em ser decoradora, e apesar de tudo, um dia realizarei esse sonho. Vi uma borboleta voar, e cobicei suas asas, então eu entendi que cada um tem seu lugar e que o meu não é no céu. Entrei em uma loja de bichos de pelúcia e quis comprar todos, e um dia eu vou comprar todos os que eu quiser. Eu pensei que não seria capaz de sorrir nunca mais, e hoje eu sorrio por coisas tão simples. Eu não enxergava o sentido na minha vida, até que um “anjo” me fez perceber que era só abrir os olhos. Amei alguém mais do que a mim mesma, e precisei sofrer para perceber que primeiro eu tenho que me amar, para depois amar outra pessoa. Decepcionei pessoas por tentar ser perfeita pra elas, então resolvi apenas ser eu mesma. Imaginei-me uma advogada, defendendo um assassino, e eu ainda vou defender um, pelo simples prazer de manipular a opinião alheia. Quis mais do que tudo, ir para a “terra do nunca” e ser criança para sempre, só que agora a ideia de crescer não me assusta tanto. Sonhos, fantasias, contos de fadas, e coisas às vezes impossíveis, fazem meus dias melhores. Não me peça para desistir de voar, para parar de pular em cama elástica ou sair correndo quando vejo um vendedor de algodão doce, não me peça para parar de comer jujuba e de pirar com bichinhos de pelúcia. Se eu desistisse dessas coisinhas bestas, não seria eu. Decepção, lágrimas, brigas, são apenas o ônus. Aqueles detalhes, às vezes esquecidos, são o que realmente deveria ser levado a sério.

Esse texto é antigo. Realizei alguns sonhos, percebi que uns não eram realmente o que queria, mantenho outros, e mudei um pouco. Mas eu ainda gosto dele, a minha essência sempre será a mesma: uma eterna criança apaixonada por doces.

sábado, 19 de junho de 2010

A mulher do viajante no tempo.

Alguns dias depois, estou sentada ao lado da cama da vovó, lendo Mrs. Dalloway para ela. É noite. Levando os olhos; parece que vovó está dormindo. Paro de ler e fecho o livro. Ela abre os olhos.
- Oi – digo.
- Você sente falta dele alguma vez? – ela me pergunta.
- Todos os dias. A cada minuto.
- A cada minuto – ela diz. – Sim. O amor é assim, não é? – Ela vira de lado e afunda no travesseiro.
- Boa noite – digo, apagando a luz. Quando estou parada no escuro olhando para vovó deitada na cama, a depressão toma conta de mim como se eu tivesse levado uma injeção de tristeza. O amor é assim, não é? Não é.
A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Bonequinha de luxo.


Era cedo, a loja ainda não havia aberto, mas ela gostava de olhar as vitrines exatamente assim. Sentia-se como as jóias ali, presas e solitárias. Deu mais um gole em seu café, um último suspiro para o anel, seu companheiro de todas as manhãs, e voltou a andar.
Ele viajaria a trabalho e ligaria todos os dias. Havia semanas que não aparecia, e não ligava mais. Foi quando ele sumiu que ela adquiriu o hábito de sair cedo, olhar as jóias sozinhas. Era presidiária de um amor, que sequer sabia mais se era correspondido.
Estava chegando em casa quando viu um carro parado na entrada, seu coração parou. Andou mais devagar, tentando acalmar-se. Passou reto pelo carro, e estava subindo as escadas, quando ouviu alguém chamá-la.
- Holly.
Sentiu suas pernas pregarem-se ao chão. Continuou parada por alguns instantes, de costas.
- Holly, querida.
Virou-se para ele, tremendo. Sabia que não deveria sentir-se assim. Olhava-o com o coração apertado. Ele subiu as escadas até encontrá-la.
- Querida, me desculpe. Não pude ligar, eu te juro. Queria pelo menos avisar-lhe de que estava chegando, mas não pude.
Ela limitava-se a respirar, tentando concentrar-se.
- Holly. – ele falou, tirando uma caixa dos bolsos e abrindo-a para ela. – Espero que não tenha achado que não lhe amava mais, meu amor. Seria um enorme absurdo. Ainda pretendo cumprir minha promessa.
Apenas agora ela lembrou que havia sido pedida em casamento, antes de ele viajar. E ela, obviamente, aceitara.
- Querida, estou me sentindo um louco falando sozinho. Entendo que deva estar com raiva, mas, Holly, eu não tive tempo.
Ele ainda segurava a pequena caixa, com um anel idêntico ao que havia lhe acompanhado durante essas longas semanas.
- Fred... – seus olhos enchiam-se de lágrimas.
Ele segurou sua mão, beijando-a e então colocou o anel em seu dedo. Ela olhou para o anel, e então para ele, sorrindo. Ele abraçou-a, apertando-a contra si.
- Ah Fred... – ela disse, entre lágrimas.
- Eu sei, eu sei. Também senti sua falta, Holly. – ela sorriu, aninhando-se em seus braços.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Quiero, quiero, quiero en este momento.

Quero rir. Quero chorar. Quero sentir. Quero abraços apertados e beijos quentes. Quero sair. Quero dançar. Quero beber. Quero torcer. Quero gritar. Quero comemorar. Quero sorrisos, lágrimas, carinhos, brigas... Quero proximidade, quero saudades, quero reencontros. Quero me apaixonar. Quero esquecer. Quero amores, quero amigos, quero festas. Quero correr, quero pular, quero voar. Quero voar. Quero passar a noite olhando o céu, quero passar a noite conversando, quero passar a noite... Quero procurar desenhos em nuvens e contar as estrelas. Quero viajar, ir à praia e voltar para casa. Quero ter para quem voltar. Quero alguém a quem amar. Quero ir ao shopping, quero compras, quero música. Quero que o tempo voe. Quero que o tempo pare. Quero ser de corpo e alma. Quero coisas de que lembrar. Quero realizar sonhos. Quero de tudo um pouco e um pouco de tudo. Quero fazer o que der vontade, e não passar vontade. Quero aproveitar, cada segundo. Quero da vida o que ela tem de melhor. Quero viver. Quero fazer, para não me arrepender.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Desculpas esfarrapadas.

Estou me sentindo em dívida com vocês. Ultimamente não posto nada meu, nada novo. Perdão, anda difícil me concentrar para escrever. Anda difícil me concentrar em qualquer coisa. Pensei em escrever algo sobre a copa, e a única coisa em que consegui pensar foi: eu devia ter apostado no resultado, eu ganharia, e sozinha. E então minha mente voou outra vez. Minha mente está sempre distante de mim, nesses últimos tempos. Sempre perto... dele. Como deu pra perceber, acredito, pelos trechos do livro que tenho postado. Não posso negar, o livro está me apaixonando, e estou tento de me controlar demais para não devorá-lo em poucos dias. Porém, estou fugindo do foco e falando demais sobre mim. Só queria me desculpar mesmo, acho que as provas acabando (sexta-feira), consigo me concentrar um pouco mais. Pouco. Muito provavelmente os textos serão todos sobre amor, água com açúcar e tal, mas será alguma coisa. Obrigada por não me abandonarem nunca.

A mulher do viajante no tempo.

Bom, seja lá quem você for, estou aqui agora. Você pode ser o passado de Henry, mas eu sou o futuro.

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

A mulher do viajante no tempo.

Cá estamos nós. Aqui e agora, finalmente agora.

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A mulher do viajante no tempo.

E Clare, sempre Clare. Clare de manhã, sonolenta e de cara amassada. Clare com os braços mergulhados na tina de fazer papel, puxando o mol e sacudindo-o assim e assim, para misturar a s fibras. Clare lendo, com o cabelo solto sobre o encosto da cadeira, passando hidratante nas mãos vermelhas e rachadas antes de dormir. A voz baixa de Clare está em meu ouvido com frequência.
Odeio estar onde ela não está, quando não está. No entanto, vivo partindo, e ela não pode vir atrás.

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

A mulher do viajante no tempo.

Clare: é difícil ficar para trás. Espero Henry, sem saber dele, me pergunto se está bem. É difícil ser quem fica.
Mantenho-me ocupada. Assim, o tempo passa mais depressa.
Durmo sozinha e acordo sozinha. Dou umas voltas. Trabalho até cansar. Olho o vendo brincar com o lixo que passou o inverno inteiro debaixo da neve. As coisas parecem simples até pensarmos nelas. Porque a ausência intensifica o amor?
Há muito tempo, os homens iam para o mar, enquanto as mulheres ficavam na praia, esperando e procurando o barquinho no horizonte. Agora espero Henry. Ele some sem querer, sem avisar. Espero. Tenho a sensação de que cada minuto de espera é um ano, uma eternidade. Cada minuto é lendo e transparente como vidro. A cada minuto que passa, vejo uma fila de infinitos minutos, à espera. Por que ele foi aonde não posso ir atrás?

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

O amor depois do amor.

Há de chegar a hora
em que, com alegria,
você vai se cumprimentar ao chegar
à porta de casa, em seu próprio espelho,
e cada um sorrirá diante da acolhida do outro,

e dirá, sente-se aqui. Coma.
Você amará de novo o estranho que era si mesmo.
Dê vinho. Dê pão. Devolva seu coração
a ele mesmo, ao estranho que amou você

desde que você nasceu, que você ignorou
por outro, que o conhece de cor.
Tire as cartas de amor da estante,

as fotografias, os bilhetes desesperados,
tire sua própria imagem do espelho.
Sente-se. Celebre sua vida.

Derek Walcott

sábado, 12 de junho de 2010

Amor é síntese.

Por favor, não me analise
Não fique procurando cada ponto fraco meu.
Se ninguém resiste a uma análise profunda,
Quanto mais eu...

Ciumento, exigente, inseguro, carente
Todo cheio de marcas que a vida deixou
Vejo em cada grito de exigência
Um pedido de carência, um pedido de amor.

Amor é síntese
É uma integração de dados
Não há que tirar nem pôr
Não me corte em fatias
Ninguém consegue abraçar um pedaço
Me envolva todo em seus braços
E eu serei o perfeito amor.

Mário Quintana

Aos apaixonados, comprometidos, ficantes, casados, peguetes, rolinhos, gamados... E até mesmo aos solteiros: Feliz dia dos namorados! Aproveitem muito.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Inferno astral.

Se a minha felicidade te incomoda, me desculpe, eu não posso fazer nada. Não me peça pra deixar de ser feliz, eu nunca, nunca mesmo, abrirei mão disso. Eu sei que devo muito a você, sei que devo até mesmo minha vida, mas perdão, eu não vou deixar você acabar com ela, simplesmente porque foi você quem a deu para mim. Eu sei, eu sei que você deve se preocupar comigo. Mas, por favor, pelo menos tente enxergar que preocupação demais não é bom. Tente, por um segundo, entender que eu também tenho medo disso. Eu sei que sou nova e que o que eu sinto é forte demais pra mim. Eu sei que eu posso estar agindo por impulso. E sei tudo o que você está tentando me dizer. Mas, por favor, entenda que isso não me importa. Entenda, por favor, que o que me importa é ficar feliz. Entenda que eu tenho plena certeza do que eu quero, e que não vou deixar ninguém atrapalhar. E, me desculpe, mas se você não se conformar com isso... A maior idade está próxima, e eu não pensarei muito antes de usá-la. É a minha vida, os meus sentimentos e os meus direitos. Por favor, por favor, não tente acabar com a minha vida, por medo, como você acabou com a sua. Deixe que eu cometa os meus erros e meus acertos conforme a minha vontade. Por favor.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fuga serena.

Foge. Corre pra cá e não vai mais embora. Não me deixa, nunca mais, sem você. Foge pra cá, e fica do meu lado pra sempre. Porque é de ti que eu preciso. É você quem me completa e me faz feliz. Foge. Foge da rotina, foge dos compromissos, foge de tudo, e fica comigo. Fica só comigo. Foge, e eu prometo que largo tudo por você também. Foge, e não deixe que ninguém te impeça de vir me encontrar. Não deixe que ninguém tente nos separar. Foge, mas foge logo, porque eu não sei quanto tempo mais eu aguento sem você. Foge, e vem logo. Porque eu te amo, e eu te quero comigo. Foge, e não se importe com mais nada. Foge, e eu prometo te fazer feliz quando chegar. Eu prometo te fazer feliz para todo o sempre. Foge, nem que seja pra viver de amor. Juntos, a gente vai viver bem. Foge, foge pra perto de mim. Foge pra perto de quem te ama e é louca por você.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo.

As pessoas reclamam de não ter tempo para nada, enquanto eu olho no relógio diversas vezes e o minuto é sempre o mesmo. Se me pedissem um pouco de tempo emprestado, eu entregaria de boa vontade. Ele parece ter se revoltado comigo, só porque eu o pedi que passasse um pouco mais rápido. Agora, ele sequer passa. Não sei por que fazer isso comigo, eu não queria ofender, apenas queria... Não adianta, não é? Se eu reclamar, não duvido que ele passe mais devagar ainda. Agora, tenho de me conformar e esperar, pacientemente, que os dias passem (como se fossem anos) até o dia em que... O problema é que eu sei, que quando o dia que eu tanto desejo chegar, o tempo não vai ser gentil comigo. Quando eu implorar a ele que passe um pouco mais devagar, ele vai voar. E os dias parecerão minutos... Para depois, novamente se estenderem como anos. Talvez o tempo seja um pouco temperamental. Eu só queria saber uma forma de agradá-lo, para que quem sabe, ele se tornasse meu amigo. Não, amigo é querer muito. Queria apenas que ele não me torturasse.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As many times as I blink I'll think of you...

Queria escrever algo bonito, mas anda difícil. Eu tento, me esforço, me concentro... E quando acho que vou conseguir, minha mente volta para o mesmo lugar. Queria saber o que é que você fez comigo, para me fazer pensar tanto em você, para me fazer precisar tanto de ti, para me fazer sentir tanto a sua falta. Queria entender o que aconteceu comigo, entender o motivo de meus pensamentos não pertencerem mais a mim. Queria, demais, entender o motivo de agora eu não conseguir mais... Queria entender o porquê de eu ser tão dependente de você. De eu mesma não pertencer mais a mim. Talvez isso realmente seja amor, não sei. Parece mais forte do que amor, parece que nós somos como imãs, metades. Não sei, não consigo mais entender nada, porque quando eu tento, me perco pensando em você. Talvez seja porque não é apenas meu coração, sequer apenas meu pensamento que você roubou de mim. Talvez, apenas talvez, seja porque agora eu seja inteiramente sua. É uma hipótese, não sei, não consigo pensar em outra coisa por tempo suficiente para ter certeza. Meu pensamento já voltou a você, a saudades já está doendo.

domingo, 6 de junho de 2010

Do passado que não reconhece o seu lugar.

- Amor. – ele batia na porta mais uma vez.
- Vai embora! – gritei.
Eu não queria, realmente, que ele fosse embora. Mas... Doía lembrar. Eu sei, eu sei que não foi uma traição, mas...
- Amor, por favor. – ele insistia.
Eu o amava. E não conseguiria dividi-lo com ninguém. Não suportaria vê-lo com outra.
Passaram-se alguns minutos, e então ouvi passos, e a porta se abrindo. Ele estava indo embora.
Abri o quarto e fui correndo em sua direção, abraçando-o.
- Não vai. – gemi.
Ele assentiu, beijando-me a testa.
- Me desculpe.
- Não precisa. – falei, fechando-lhe os lábios em um beijo.
Não precisava mesmo, eu sabia que ele não a queria. Quanto a ela... Ela havia, sim, chegado primeiro, e ela o amava... Mas tempo não queria dizer nada, era a mim que ele amava. Era eu quem não podia viver sem ele.
- Eu te amo. – ele sussurrou.
- Eu também.
Ela não importava, era passado. E eu não conseguia sentir pena. Nós, agora, tínhamos uma vida, não havia lugar para outra pessoa ali.
- Eu te amo muito. – falei, ele sorriu.
Não me importava o que ela faria sem ele. Agora éramos nós dois, e ela teria de se conformar. Não me importava, sequer, se ela morreria sem ele. Sinceramente, eu talvez até gostasse disso.

Não está bom. Não faz sentido. Mas eu já disse, às vezes eu preciso escrever para tirar as
coisas da minha cabeça.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Amar:

Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...

O amor é quando a gente mora um no outro.
Mário Quintana

Tentei escrever, tentei fazer minhas palavras adquirirem algum sentido... Foi impossível, minha cabeça ultimamente só pensa em uma única coisa, uma única pessoa. Não consigo falar ou escrever sobre outra coisa. Portanto, na falta de um texto meu, que combine com o meu humor hoje, Mário Quintana sempre consegue exatamente o que eu quero.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cansei!

Cansei de ser só mais uma na vida de quem é tudo pra mim. Cansei de tudo, de mim e de você. E agora eu mudei. A menininha agora é mulher, e agora ela não vai acreditar mais em quem diz que ama. Eu gostava de quem eu era, mas eu cansei de ser feita de troxa! Quer a menininha de volta? Te vira, conquista, aprende a dar valor. Quem sabe, você consiga.

Esse texto é velho, demais. Mas sei lá, deu vontade de postar aqui.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Ciclo vicioso.

Amar, sofrer, amar, sofrer, amar... É um ciclo vicioso, não importa o que aconteça. Quando um amor acaba é inevitável não sofrer um pouco, mas aí vem outro e fica tudo bem, até acabar mais uma vez, e mais uma vez sofrer. Mas quando chega o momento em que o medo é maior que tudo, você acaba evitando se apaixonar, evitando se apegar às pessoas, evitando se envolver, para depois não sofrer mais uma vez. Só que isso não pode ser pra sempre. Você está atento a não amar e então aparece uma pessoa, que com um simples olhar faz você se apaixonar, sem nem perceber. Passam-se dias, semanas, e então você percebe que está se apaixonando mais uma vez, mas dessa vez parece ser diferente. Com o tempo, o medo vai embora. Com o tempo, tudo o que aconteceu antes, parece não valer mais. Com o tempo, você se entrega ao amor de novo. Você sabe que ele pode acabar, mas isso não importa. Viver importa, aproveitar cada segundo desse momento mágico, isso importa. O futuro, se você vai sofrer mais uma vez ou não, isso não te preocupa mais. O tempo passa, e um dia o tempo vai acabar. Para que se preocupar com o futuro? Você está apaixonado, e está feliz, com isso você não precisa de mais nada. Ser feliz. Você está vivendo o presente, e só o presente. E então você descobre que essa é a melhor maneira de viver. O medo não leva a nada, só atrapalha, só te faz perder tempo. E o tempo não é eterno. Um dia o ciclo acaba. Amar, amar, amar, e acabou o tempo, acabou uma vida, para então começar outra. Depende de você se essa nova vida vai ser feliz, ou não. Outro ciclo vicioso, outra história.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Das obviedades.

Às vezes eu tenho vontade de virar tudo de ponta cabeças, só para ver como fica. Tirar tudo do lugar pra inovar. Sair da rotina. Como se a Bela Adormecida fosse acordar, e decidir ficar com o entregador de pizza ao invés do príncipe. Ou se a Fera resolvesse literalmente jantar a Bela, coisas do tipo. Sem dúvida, inesperado. Afinal, qual é a graça nas obviedades? Todo mundo espera que aconteça assim, surpresas são tão mais emocionantes. Então eu resolvi mudar tudo e ser diferente. Pelo menos na minha vida eu mudarei, já que contos de fadas já foram escritos assim mesmo. Começo a fazer tudo diferente, nada normal. E quando paro pra prensar, tudo está óbvio outra vez. A Cinderela correndo para os braços do príncipe, a madrasta se dando mal, enfim, o de sempre. Maldita rotina. Não adianta, por um tempo até consigo mudar as coisas, mas no fim tudo volta a ser como antes. E cá estou eu, na vidinha de sempre. Mas tudo bem, eu me divirto com as tentativas de mudança. Pelo menos eu arrisco, e não vou me arrepender de não ter tentado. E no final das contas, eu me contento com os finais felizes, eles tem seu lado bom.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Era uma vez...

Eu sonhava com um príncipe. Aqueles príncipes de contos de fadas, sabe? Não exatamente como um conto de fadas, eu não me importaria nem um pouco em trocar o cavalo branco por um volvo prata. Muito menos as roupas de realeza por um jeans surrado e camiseta. Eu sonhava com um príncipe gentil, carinhoso, delicado, que faria eu me sentir única, que faria tudo para me agradar e para me fazer feliz. Eu só queria que ele me amasse, e demonstrasse isso a cada segundo. Então, quem sabe um dia eu chegaria ao “felizes para sempre”. O tão sonhado “felizes para sempre”. Eu passava noites e noites deitada, imaginando como nós nos esbarraríamos em algum lugar, então nossos olhos se encontrariam, nossos corações ficariam acelerados, e como em um passe de mágica, amor à primeira vista. Sonhos de criança, que criança nunca quis ser uma princesa de contos de fadas? Não sei, mas acho que as coisas saíram um pouco diferentes do que eu tinha imaginado. Acho que elas saíram bastante melhores.

domingo, 30 de maio de 2010

Há uns que morrem antes; outros depois.

As coisas começam tão bem, tão perfeitas. O tempo passa, e tudo muda, começam a acontecer coisas que a gente preferia deletar da memória. Até que não dá mais, e tudo acaba, independente de querermos ou não. Só que eu não sei o que aconteceu, eu não consigo mais chorar, sofrer, nada! Eu não queria que acabasse, mas eu fico indiferente pelo fim. Até que você volta, e me diz coisas lindas, como sempre. E dessa vez, parece diferente, eu queria gritar, ficar feliz, sair pulando por aí, mas eu não consigo. É como se com tudo o que aconteceu, um pedaço de mim tivesse morrido, como se eu não sentisse mais nada. As coisas passam diante dos meus olhos, eu vejo, e fico passiva diante de tudo, como se não fosse comigo. Complicado, mas eu não me importo. Meu único medo é não conseguir sentir mais nada, e acabar te perdendo por isso.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Confusa na sua inocência.

Eu sei que não vou conseguir esquecer assim, fácil. Eu não consigo entender o por que, porque eu também sei que não tem motivo. Sei lá, é difícil. Simplesmente não consigo, não vou conseguir. Queria uma fórmula milagrosa, queria... Não sei o que eu queria. Ou talvez saiba. Queria que tudo estivesse bem outra vez. Mas... Está, não está? O problema é com a minha cabeça, o problema é... Não sei qual é o problema, talvez seja eu. Talvez seja minha insegurança. Como eu sou confusa! Queria, também, não amar tanto. Queria só não ter feito o que fiz, não ter lido o que li. Mas, talvez eu devesse mesmo ter lido, ter feito. Queria não me importar. E se eu não me importasse, não soaria como indiferença? Não sei, não sei de nada. Sei que como está, dói. E não é pouco. Sei que assim, eu ainda vou enlouquecer. Ou quem sabe já tenha enlouquecido. Sei que eu não quero perder, não consigo. Sei, não sei, sei, não sei... Eu sei, queria esquecer, só isso. Queria deixar o passado em seu lugar e aproveitar o presente. Não consigo, é difícil. Mas... Passa, não passa? Falaram que passa, espero que estejam certos. Espero que não passe tarde demais. Espero que passe antes de meu coração não aguentar mais, e acabar desistindo de si mesmo. Porque eu sei, que dele, eu não desisto. É mais fácil desistir de mim. Eu acho. Pensamento positivo, não é isso o que sempre falo? Pensamento positivo, vai passar.

Eu, modo de usar:

Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor, mas... Permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza.
Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo cultivando esse tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre, que eu também gosto de ser contrariada. (Então, fique comigo quando eu chorar, combinado?).
Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... Gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade.
Leia, escolhe seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate, que isso é coisa de gente triste. Não seja escrevo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.
Me enlouqueça uma vez por mês, mas me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar para a missa, apresentar sua família... Isso a gente vê depois... Se calhar... Deixa eu dirigir o seu carro, que você adora.
Quero ver você nervoso, inquieto, olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos... Me faça massagem nas costas. Não fume, beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte!
Se nada disso funcionar... Experimente me amar!

Martha Medeiros

Eu não queria amar você como eu te amo.

Eu tenho medo de fazer planos e acabar sofrendo outra vez. Falando sério, eu não queria amar você como eu te amo. Entre nós dois tudo é tão perfeito, que eu tenho medo de acordar e ver que tudo não passou de um sonho. Mas eu prefiro ter a vida toda pra me arrepender de ter jogado a chance de ser feliz por um sonho, do que ter jogado um sonho no lixo pra arriscar tudo mais uma vez. Sinceramente, eu não ligo de passar o resto da minha vida chorando por nós dois terminarmos, desde que eu saiba que nós dois duramos o máximo possível. Eu te amo e isso basta pra tudo.
Não pode ter sido à toa que depois de um beijo, eu me senti como eu nunca tinha me sentido antes. Não pode ter sido à toa eu me apaixonar por você, com um beijo. Isso parece idiota, falando assim, mas foi exatamente o que aconteceu. Eu lembro, como se fosse hoje, no dia seguinte que a gente ficou, eu tentando fazer parecer que eu não estava nem ai. Eu lembro como se fosse hoje, eu esperando pra poder falar que enjoei de você. Eu não enjoei, e acho que eu nunca vou enjoar, porque você me completa.
Nunca ninguém me fez sentir tão bem quanto você faz, ninguém cuidou tanto de mim, ninguém fez eu me sentir tão especial, quanto você. Mas pra que eu to repetindo tudo isso? Eu já te falei isso milhões de vezes, todo mundo sabe.
Eu tenho medo,de fazer planos e acabar sofrendo outra vez, mas por você vale, eu sofreria sabendo que eu fui mais feliz do que muita gente nunca vai ser, e isso serviria de consolo. Falando sério, eu não queria amar você como eu te amo, mas eu te amo, e eu me sinto realizada por conseguir amar de uma forma tão pura e sincera, como muita gente nunca vai amar. Entre nós dois, tudo é tão perfeito que eu tenho medo de acordar e ver que tudo não passou de um sonho, mas se for um sonho, valeu à pena, e eu vou lembrar dele pra sempre, e isso vai ser suficiente pra me manter de pé. Eu te amo mais que tudo, e maior que todos os meus medos, é meu medo de decepcionar você. Eu posso suportar decepcionar qualquer pessoa, menos você, porque você merece o melhor de mim. Porque você merece tudo, tudo, tudo. Você merece ser a pessoa mais feliz desse mundo, porque você faz de mim a mulher mais feliz do mundo.
E eu ainda não consigo entender porque tudo isso pra mim, eu sinceramente não acredito que mereça. Mas e daí se eu não merecer? Enquanto durar, pra mim, vai ser perfeito. Tudo ao seu lado é perfeito, inesquecível. Eu sou a pessoa mais sortuda que pode existir. E quer saber? Eu não tenho mais pesso na consciência por isso. Posso não merecer, mas se tudo isso aconteceu comigo, algum motivo deve ter. Definitivamente, eu não me preocupo tanto com esse motivo, não mais, afinal, um dia eu vou entender tudo isso. Por enquanto, eu me contento em te fazer feliz, e mais nada. Porque eu te amo, e o amor de verdade, deixa o mais egoísta, totalmente altruísta. E o amor verdadeiro, faz a gente se colocar em segundo plano.
Então, pra resumir esse mega texto, primeiro, obrigada por tudo meu amor, mesmo. Porque você é perfeito pra mim, de um jeito eu nunca imaginei que existisse alguém. Segundo, desculpa pelos meus ciúmes, pelas minhas crises. Eu sei que eu sou idiota o suficiente quando eu quero. Terceiro, desculpa por te fazer aguentar coisas que você não precisaria aguentar, por às vezes jogar meus problemas pra você, por não ser tão perfeita como você. Quarto, obrigada principalmente por ficar sempre do meu lado, nas horas que eu mais precisei, e nas horas que eu não merecia nem uma palavra sua. Quinto, eu te amo, mais que tudo, pra sempre.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Monstrinho otário e volupioso.

Não adianta eu tentar ser uma bonequinha de porcelana. Eu posso me esforçar o máximo, posso te convencer por algum tempo, quem sabe até me enganar. Mas eu vou acabar te decepcionando. Eu não sou dura, fria, sem sentimentos e perfeita como uma boneca. Eu sou humana, tenho defeitos e principalmente, eu tenho limites. Eu posso tentar aguentar tudo quieta e manter a aparência de bonequinha, mas em algum momento eu vou chegar ao meu limite, vou explodir e você não vai me reconhecer. Não porque eu te enganei, não porque você me forçou a te enganar, não por maldade. Apenas porque eu mesma quis ser perfeita para você, porque você merece uma garota perfeita. Só que pensando apenas em te agradar, eu me esqueci de pensar no que poderia acontecer depois. E quando eu cheguei ao meu limite, quando eu não consegui mais ser a sua boneca e me tornei só mais uma menina humana e comum, aconteceu o que eu devia ter previsto. Eu te magoei, te decepcionei, e te fiz pensar que eu sou a pior pessoa do mundo, um monstro. Um verdadeiro monstrinho, cheio dos defeitos, mas com uma qualidade enorme, é real, e apesar de tudo vai estar do seu lado sempre. Porque perfeição, só em sonhos, e o monstrinho otário e volupioso existe.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

E fim.

Sua cabeça estava deitada em meu peito, e nossas mãos estavam entrelaçadas há horas. Ela devia pensar que eu estava dormindo, volta e meia olhava para mim, e eu fechava os olhos rápido. Havia se passado quase três meses, desde que ela visitara o médico. O remédio já não fazia mais efeito, e suas dores deviam ser horríveis. Raramente ela reclamava, raramente ela demonstrava sofrimento. Eu sabia que era por mim, para me manter confiante, para me manter forte.
Eu não conseguia entender o porquê de nosso tempo estar acabando, eu não viveria sem ela. Várias hipóteses já haviam se passado pela minha cabeça, e um suicídio ainda não havia sido descartado.
Sua respiração ficou mais acelerada e ela então se virou para o lado. Passei minha mão livre por seus cabelos, enquanto ela apertava a outra mão.
- Thi. – ela chamou meu nome, quase sem fôlego. – Thi.
Sentei na cama como um raio, e puxei-a para o meu colo.
- Calma meu amor, eu vou pegar seu remédio, vai ficar tudo bem. – falei, enquanto procurava o remédio no criado mudo.
Ela segurou minha mão, olhando em meus olhos e fazendo que não com a cabeça. Havia dor em seus olhos, mas não a dor que eu estava acostumado. Era uma dor de...
- Fer, não, por favor, não faz isso comigo. – falei desesperado.
Há três meses eu sabia que isso aconteceria, mas eu nunca estaria preparado.
- Eu... Amo... Você. – ela disse, com esforço. E então sua mão soltou a minha, enquanto sua vida ia embora, em meus braços.
- Eu amo você, minha princesa. – disse, enquanto beijava sua testa.
Não conseguia mais chorar, eu havia chorado muito durante aqueles três meses. Eu, agora, tinha que decidir o que fazer. Não havia tempo para lágrimas.
Podia continuar minha vida sem ela, ou podia pegar o canivete na gaveta, e unir-me a ela, para sempre.
Sua voz ecoava em minha cabeça. “Eu sempre vou estar com você, sempre.”

terça-feira, 25 de maio de 2010

Início e fim.

Eu estava sentada, olhando para o mar, há horas. Ouvi os passos na areia, e vi uma sombra sentar-se ao meu lado. Mas seria um sacrifício muito grande virar-me para olhá-lo. Eu não suportaria.
- Vai ficar tudo bem. – ele falou, tocando meu ombro.
Eu assenti, dando de ombros. As palavras ressoando em minha mente durante todo o tempo. As lágrimas haviam cessado há algum tempo, meus olhos ainda ardiam. Seu toque ainda me confortava, sua voz ainda me dava um fio de esperança.
- Você não pode desistir. – ele insistiu.
Eu sabia que se tentasse falar as lágrimas voltariam. Continuei em silêncio, olhando o mar.
- Eu não gosto de te ver assim. – falava, enquanto passava a mão pelos meus cabelos. – Eu amo você.
Fechei os olhos. Eu também o amava, ah, como amava. Queria não amar tanto, seria mais fácil. Não fosse por ele, eu não me importaria em abrir mão de tudo.
- E você, não me ama mais? – perguntou.
Eu não podia deixá-lo sem uma resposta. Virei-me para ele, seus olhos também estavam vermelhos, ele havia chorado. Eu estava causando sofrimento para ele também. Sua mão acariciava meu rosto. Fechei os olhos mais uma vez, e então respondi.
- Eu amo você, muito mais do que eu queria, muito mais do que eu achava possível.
Ele sorriu, enquanto me abraçava. Eu não queria deixá-lo.
As lágrimas transbordavam, enquanto as mesmas palavras ecoavam em minha cabeça “Você tem apenas três meses de vida”.

A verdade que esqueceu de acontecer.

Ela me olhava, tentando entender o que estava acontecendo.
- Ele mentiu. – ela repetiu, como que para me fazer entender.
- Eu sei. – respondi, ainda olhando o nada.
- Você sempre odiou mentiras, lembra? – insistia. Apenas dei de ombros. – Não odeia mais?
Era inútil, eu teria que responder ou ela não me deixaria em paz.
- Odeio.
- Então, o que você vai fazer?
- Nada.
Ela me olhou, parecendo indignada e tremendamente surpresa.
- Nada? – repetiu, me olhando nos olhos. – Você não se importa?
- O que você quer que eu faça? – gritei, perdendo a paciência. Eu devia tê-la assustado.
- Queria que você fizesse qualquer coisa, mas isso não pode ficar assim! – ela falou, rude.
- Tudo bem, então escolhe. Eu posso ignorar isso, e deixar tudo como está, deixar tudo bem. Ou eu posso levar isso a sério, ficar sem ele, e também sem todo o sentido que minha vida tem. E então, qual você prefere?
Eu a olhava, desafiadoramente, enquanto ela começava a compreender o que acontecia.
- Você se importa. – eu assenti. – Mas não consegue ficar sem ele. – assenti outra vez.
Ficamos ali, por alguns minutos, nos olhando, até que ela me abraçou.
- Ignore isso.
- Obrigada por não me repreender, obrigada por me entender. – falei, enquanto sentia as lágrimas se acumulando em meus olhos.
- Você o ama, é inevitável, eu acho.
Assenti, enquanto fechava os olhos e deixava-os transbordarem. Era inevitável, eu continuaria amando-o para sempre. Eu preferia poupar os sofrimentos, preferia ser feliz ao lado dele. Mentirinhas inocentes sempre podem ser deixadas de lado. Um amor maior que a vida, não.

Mito e Significado.

Nunca tive, e ainda não tenho, a percepção do sentimento da minha identidade pessoal. Apareço perante mim mesmo como o lugar onde há coisas que acontecem, mas não o “eu”, não há o “mim”. Cada um de nós é uma espécie de encruzilhada onde acontecem coisas. As encruzilhadas são puramente passivas; há algo que acontece nesse lugar. Outras coisas igualmente válidas acontecem noutros pontos. Não há opção: é uma questão de probabilidades.

Mito e Significado - Claude Lévi-Strauss

Eu já não sinto nada, sou todo torpor.

Depois de um certo sofrimento constante, é inevitável construir uma muralha de proteção. Uma fuga garantida, a qualquer momento de necessidade. E então, lá dentro, eu já não sinto mais nada, fico dentro de minha bolha pessoal até que as coisas melhorem, e eu possa sair em segurança. Eu sei que quando precisar ela estará lá, eu sei que não tenho mais escolhas, é automático, eu simplesmente corro o mais rápido que posso para dentro do meu estado de torpor assim que uma dificuldade surge. Não sei se isso é bom, não sei se isso é mal, mas eu sei que preciso dela. É meu único meio de manter-me forte diante dos problemas. Eu não me arrependo de me proteger, sequer penso sobre isso, apenas faço. Mas do que é que eu estou falando?! Nem eu me entendo. Normalmente essa bolha afeta meus pensamentos, e os faz sair assim, meio embaralhados. Esquece isso, é melhor.
"Assim como ar me parece vital, onde quer que eu vá, o que quer que eu faça, sem você, não tem graça..."
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