segunda-feira, 14 de junho de 2010

A mulher do viajante no tempo.

Clare: é difícil ficar para trás. Espero Henry, sem saber dele, me pergunto se está bem. É difícil ser quem fica.
Mantenho-me ocupada. Assim, o tempo passa mais depressa.
Durmo sozinha e acordo sozinha. Dou umas voltas. Trabalho até cansar. Olho o vendo brincar com o lixo que passou o inverno inteiro debaixo da neve. As coisas parecem simples até pensarmos nelas. Porque a ausência intensifica o amor?
Há muito tempo, os homens iam para o mar, enquanto as mulheres ficavam na praia, esperando e procurando o barquinho no horizonte. Agora espero Henry. Ele some sem querer, sem avisar. Espero. Tenho a sensação de que cada minuto de espera é um ano, uma eternidade. Cada minuto é lendo e transparente como vidro. A cada minuto que passa, vejo uma fila de infinitos minutos, à espera. Por que ele foi aonde não posso ir atrás?

A mulher do viajante no tempo – Audrey Niffenegger

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